Olá , sou o Gaspar e vou contar uma história verídica.
Como todos sabem eu era radiotelegrafista da CCS e já estávamos sediados na cidade do Luso (Leste de Angola) quando um dia fui enviado pelo nosso comando numa missão a Teixeira de Sousa. Levava como bagagem um saco de correio para cada companhia (3) e uma pasta com documentos classificados (confidenciais) que não podiam ser transmitidos por via rádio.
Eu fiquei até todo contente pois quase nunca saía da área do meu quartel e ir até Teixeira de Sousa, era para mim um belo passeio. Porém recebi da secretaria da minha companhia um bilhete do comboio de 4ª classe e aí é que começou o problema.
Quando entrei na carruagem de 4ª classe não havia nenhum branco, só negros e alguns com cara de poucos amigos. Aí eu comecei a ficar aflito com a minha situação (embora levasse comigo uma “amiga” chamada WALTER). Então veio o revisor que me levou para a 3ª classe mas também não havia nenhum branco só negros e eu mesmo assim continuei aflito e dizia para os meus botões eles vão-me roubar os sacos do correio e os documentos .
O revisor disse que ficava melhor ali mas eu não conseguia ver nenhuma diferença e lá cheguei ao Lumeje sem incidentes.
Aí no Lumeje saí do comboio e entreguei o correio á companhia que lá estava estacionada e apareceu-me um Alferes do nosso batalhão que me perguntou o que estava alí a fazer. Expliquei-lhe qual era a minha missão e até o receio que estava a ter.
Hoje passados estes anos todos eu não me consigo lembrar qual foi o Alferes que me levou para a carruagem de 1ª onde viajei até Teixeira de Sousa na companhia dele e só me lembro do fabuloso pequeno almoço estilo inglês que ele me pagou no comboio.
Hoje gostava de me lembrar quem foi este Alferes para lhe dar um grande abraço.
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